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segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

HISTORIA DO SKATE CATARINENSE VOL.III

Após o recesso de final de ano, e do merecido descanso, voltamos 2017 com a História do Skate Catarinense Vol. II, por Marcos Santos.


Independentemente dos campeonatos, assim como no resto do mundo, Florianópolis-SC, apesar de sua precariedade urbana à época, pois nos anos 73/74 só tinha rua do skate nos bairros Coqueiros (na parte continental) e algumas calçadas pelo centro da cidade, já estava concatenada com a cena do skateboard.


Os skatistas da época, usavam skates Torlay, Benrose e alguns importados, tipo Surf Banana e Hang Ten, e o nosso narrador, Marcos Santos, conta um pouco melhor como tudo aconteceu:


* por Marcos Santos


"Desembarquei vindo de São Paulo, em Floripa no verão de 73/74, e debaixo do braço eu trazia um Hang Ten de fibra de vidro, com os trucks Chicago e rodinhas da Cadillac Wheels de uretano e sem rolamentos ainda, no famoso sistema de bilhas" (No início as rodas vinham com caixas de bilhas, difícil e complicado para a manutenção , de desgaste rápido).



"Floripa era uma cidade sem asfalto, praticamente todas as ruas eram de paralelepípedos" (construídos por escravos, pelo artista Hassis, de formato pé-de-moleque, paralelepípedo ou petit-pavé, as calçadas históricas ainda estão espalhadas pela cidade), "com algumas poucas calçadas pelo centro e ai sim, a famosa rua do skate de coqueiros, lá foi onde por aqui, tudo começou. 

A galera se reunia pra ver aqueles malucos, descendo a rua em velocidade, encima de tabuas de madeira e rodinhas adaptadas de patins, que foi, na real, como tudo começou. Nessa época apareceram alguns expoentes da indústria do skate, entre eles os mais famosos Torlay e Benrose. Ambos de rodinha de plastico incrivelmente duras e traiçoeiras.

Alguns mais fortunados já possuíam alguns skates importados, todos vindos de viagens para os EUA, e esses com as revolucionárias rodinhas de uretano e bilhas, que era um sistema onde pequenas bilhas, pequenas esferas de chumbo, rodavam num tipo de panela que ficava embutida nas rodinhas e uma porca desenhada para que essas bilhas não caíssem e ao mesmo tempo deixassem as rodinhas girarem com velocidade... isso não era seguro, e acidentes eram inevitáveis e correr atrás dessas pequenas esferas pelas ruas eram situações normais.

Depois de algum tempo, começou um processo de modernização na Ilha e algumas ruas do centro também foram asfaltadas, lembro da ladeira da Avenida Rio Branco, que foi muito usada pelos skatistas da época, que não eram bem vistos pela polícia local e muitas vezes eram obrigados a sair correndo para não terem seus carrinhos confiscados... anos difíceis e de muita dor e sacrifício... 

Posso citar alguns skatistas da época, como o falecido Betão do Bom Abrigo, que foi o 1º a montar um skate em Floripa, adaptando patins num shape de madeira. Outros pioneiros dessa época foram moradores de coqueiros entre eles o Digo que foi um dos expoentes locais em campeonatos de skate, o Beto Bacamarte que depois acabou largando o skate e indo surfar junto com o Gama que também foi um pioneiro e acabou indo surfar.


Depois de alguns poucos anos de calçadas e ladeiras, começou um movimento local, com a finalidade de montar rampas, muitas vezes escoradas em postes e algumas outras já com um potencial melhor, feitas em madeirites, que na maioria das vezes eram roubados em obras e construções, até que chegou a famosa pista do Clube XII de Agosto em Jurere, e ai sim a galera tinha um lugar para andar, mesmo com toda a dificuldade de se deslocar até a pista que ficava a uns 30 km do centro da cidade, e também por ser um clube privado e quem não era sócio tinha problemas em entrar... ai é uma outra história, alguns como eu colocavam alguns poucos privilegiados e amigos dentro do porta-malas dos carros... bons anos do nascimento do skate em Santa Catarina e no Brasil...

Rua do skate de Coqueiros




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