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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016


Kiko Loureiro
Há muito tempo atrás, eu tive a oportunidade de conhecer pessoalmente, e conviver por algum tempo, com uma das maiores bandas de Heavy Metal do Brasil, o Angra.

Na ocasião, lembro claramente de ter me impressionado muito com o modo de trabalho deles, mas principalmente com o modo com que o Kiko “trabalhava” fora do trabalho. Estranho o que eu escrevi, porém, é isso mesmo que eu vi acontecendo, mesmo nos horários de folga, onde ele estava sempre “trabalhando”.

Sempre que eu o via fora dos dias de show, ele estava estudando, tocando, lendo, falando do trabalho com as pessoas, enfim, me pareceu na época que ele não relaxava nunca.

Algum tempo depois disso, eu tive a oportunidade de estudar guitarra numa grande escola de música, onde além de dar algumas aulas, ele frequentemente dava alguns de seus workshops, e como eu estudava no local, muitas dessas vezes eu tive acesso aos bastidores, e principalmente acesso às pessoas que estavam ao redor desses eventos. 

Posso afirmar que todos os envolvidos reclamavam da mesma coisa, em todas as vezes, sem nenhuma exceção, que trabalhar com ele era muito difícil, que o cara queria tudo do jeito dele, não aceitava erros, e cada detalhe era minuciosamente trabalhado e acertado, e quando as coisas davam errado, ele não deixava passar nada. Ninguém gostava do cara nos bastidores, e falavam abertamente muito mal dele.

Acontece que o tal cara chato, cheio de métodos e critérios, hoje trabalha numa das maiores e mais emblemáticas bandas de Heavy Metal do planeta, e ainda mais, se tornou um dos principais divulgadores de profissionalismo na música.

Tudo isso já explica, e praticamente é um grande “cala boca” no meio artístico-musical no nosso país, e existem diversos vídeos dele mesmo comentando como ele sempre foi taxado de chato, quando na verdade ele estava focado em algo muito maior. Outra coisa que impressiona é como o “chefe” Dave Mustaine o caracteriza, dizendo como é fácil você ouvir quando um cara toca muito bem, e quando um cara toca muito bem mas com um certo “feeling”, e como o Kiko consegue transformar as coisas da banda e deixar tudo com a cara dele, inclusive as que não foi ele quem compôs.

Tenho vivido os últimos tempos, levantando a bandeira do profissionalismo na música, e vendo toda a historia do Kiko, algumas vezes mais de perto do que a maioria das pessoas, tenho ciência de como o caminho é complicado e cheio de “incentivos para desistir”, então você, que está pra desistir ou já desistiu, tenha em mente que só você sabe quem você é de verdade, e principalmente hoje em dia, com as ferramentas que temos, ouvir coisas e desistir é sempre o caminho mais fácil... 

Por Daniel Kid Joe