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quarta-feira, 30 de setembro de 2015



A lendária banda californiana de hardcore/punk, e que influenciou grandes bandas do punk rock atual como Face to Face, bad Religion, NOFX dentre outras, nos deu o prazer de seu apresentar em Florianópolis-SC, em agosto de 2015.

Em um show épico no Celula Show Case, os caras apresentaram seu novo trabalho (La Vendetta) agitando a galera com muito entusiasmo e simpatia.

No período da tarde, a SPEED FREAK MAGAZINE conversou com os caras no hotel, no Norte da Ilha, com nossa amiga, a jornalista Dani Vieira:

Entre seu descanso e a preparação para o show que fizeram na Célula Show Case ao lado dos catarinas da End of Pipe e Eutha, Steve Soto (baixista), Tony Reflex (Vocal), Dan Root (guitarrista) e Ian Taylor (guitarrista) falaram sobre música, família, energia nuclear e muito mais. A banda aproveitou pra conhecer um pouco da Ilha em sua passagem por Floripa num show único que emocionou a todos que lá estiveram. Olha só!

Vocês começaram com a banda muito cedo, vocês eram adolescentes, certo? (rsrsrs) O que mais mudou daquele tempo pra hoje nos shows?
- Steve: Bom, agora é tudo muito mais acessível. Naquele tempo, quando nós éramos garotos você tinha que procurar muito, entende? Música diferente não era algo fácil de encontrar. Mas ao mesmo tempo a gurizada de hoje conhece muito mais as bandas antigas.
 
- Tony: Nós ficamos velhos, eles continuam iguais. (RISADAS) Nos tornamos antigos e eles, nosso fãs continuam… Continuam jovens.

Sobre os jovens-adolescentes de hoje, como vocês acham que eles põe pra fora seus sonhos e frustrações? Na época adolescente de vocês foi com a música e o que acham da juventude de hoje, vocês tem esperança neles?
- Tony: Com certeza sim! Quero dizer, eu não acho que seja um jeito errado de lidar com as suas frustrações exceto se machucar uma outra pessoa, acho que isso é errado, mas acho que os garotos podem desabafar frustrações fazendo coisas para canalizar sua energia e...eu sempre vou ter esperança. Em todo mundo, especialmente nas crianças.

Fukushima Lemon Twist (música do último disco da banda, La Vendetta de 2014) em sua letra brinca com a questão da energia nuclear chamando a atenção para o desastre no Japão. Tony, como você vê o poder da canção para levantar uma bandeira contra um assunto tão relevante como a questão da energia nuclear e como o estilo de vida dos seres humanos, nos fez parar para pensar sobre o que nós iremos deixar para os nossos filhos ou para o próprio Keith Richards? (hehe)
- Tony: Nós estamos elevando a consciência e a razão pela qual nós buscamos isso é porque um dia nos avisaram, quando éramos jovens. Nós sabíamos que a energia nuclear, não importasse o que eles nos dissessem, sabíamos que não era uma coisa boa. Não importava o que eles dissessem naquela época sobre podermos estocar e que seria seguro e que era a melhor coisa, que era bom, nós todos sabíamos como garotos, que estudavam isso, que não era uma coisa boa. Então tudo o que podemos fazer é elevar a consciência realmente. Essa canção é uma provocação à geração que veio antes de nós e que disse que estava certo usar energia nuclear.  O que vamos fazer agora com esse problema? Um drink, uma dança, o que faremos com isso? Estamos destruindo os oceanos, destruindo o planeta...Isso não é uma declaração contra um governo específico é uma declaração contra todos eles. Você sabe, parem com essa insanidade...está na hora, têm sido a hora há muito tempo de sair desse atoleiro atômico nuclear. E pelo menos as crianças de hoje, se os mais velhos não ouvirem eles vão fechar todo o sistema pelos seus computadores. Sim, as crianças vão avisar a todos “Hey: Você não é tão esperto quanto pensa!” Você sabe, e todos os governos saberão…
 
Eu quero saber como todos esses anos desde o álbum azul até o La Vendetta fazem vocês se sentirem sobre o caminho que decidiram seguir em suas vidas. Quero dizer, eu sou uma grande fã e adoro o trabalho de vocês, mas vocês começaram quando ainda eram adolescentes, e agora como adultos o nome da banda continua o mesmo(sic). O que mudou pra vocês? Continua valendo a pena?
- Steve: Bom, os Circle Jerks não mudaram de nome…
- Dan: Youth of Today, Youth Brigade...
- Ian: Faz a gente permanecer jovens...
- Steve: É só um nome…
- Tony:  Nós mudamos eles(fãs) não…
- Steve: Têm sido anos interessantes de aprendizagem, você sabe. Nós vimos coisas que não teríamos visto se não estivéssemos fazendo isso.
- Tony: 35!
- Steve: 35 anos…

Eu assisti o documentário “The Other F World” recentemente, que foi traduzido para o português como Punk Fathers e percebi agora que sou mãe e fã da banda há bastante tempo, o quão difícil deve ser deixar a sua família e viajar pelo mundo proporcionando momentos especiais para os fãs mas perdendo muita coisa em casa. Eu realmente preciso dizer que agradeço muito por isso e sei que a galera que curte a banda também agradece. Mas me digam, como é isso pra vocês?
- Dan: essa é a parte mais difícil de tudo. Nós todos, nós todos temos filhos, e tem família e amigos que sentimos falta mais do que qualquer coisa. Essa é a única coisa que lamentamos enquanto estamos aqui. Não estar com as crianças, em aniversários, determinados feriados...
- Ian: dia dos pais esse ano
- Dan: Dia dos pais e coisas assim, essa é a parte mais difícil. O único drama, todo o resto é ótimo. Essa é a parte difícil. Certo?
- Tony: É…
- Ian: História real...
- Dan: Mas agora é mais fácil, você pode falar com seus filhos, ver eles, manter contato. Teve um tempo que quando você saía tinha que mandar uma carta, talvez pudesse fazer uma ligação com um cartão telefônico. 
- Steve: Se a gente parasse num posto de gasolina e tivesse um orelhão, teria cinco caras tentando ligar pras esposas e namoradas naquela época antes do celular. 
- Tony: E cada um brigando com a sua esposa ou namorada…
- Ian “Quando é que você vem pra casa?!” heheh
- Dan: E hoje em dia você pode ter seus filhos falando com você no celular agora mesmo…
 
Vocês têm passado bastante tempo viajando pelo mundo tocando, ainda tem o mesmo gosto que tinha quando começaram?
- Tony: A gente não fazia tour quando éramos jovens.
- Steve: Nós nunca deixamos a Califórnia nos anos 80, digo no começo dos anos 80. No fim dos anos 80 a gente começou a viajar pra tocar mas quando a gente começou como adolescentes, a gente era muito novo pra sair então….nós começamos a viajar como estamos fazendo mais tarde e em 2000 quando voltamos com a banda foi aí que começamos a viajar todo o verão pra tocar pela Europa e por toda a América.
- Tony: Nós nunca imaginamos que isso aconteceria. Eu pessoalmente nunca achei que fôssemos chegar a algum lugar além do outro lado da rua.
- Dan: Como você podia fazer tour se tinha que levar seu equipamento na sua bicicleta?!
- Tony: Nós não imaginávamos. Tocar fora da minha vizinhança era um acontecimento. Nós nunca havíamos pensando em sair da Califórnia pra tocar até metade dos anos 80 e pelo mundo? Não passava nem...era algo incompreensível, era algo que a gente, nem sonhava, você sabe, por que pessoas no Brasil iriam querer ouvir a gente? Por que pessoas no Chile iriam dar alguma coisa por nós? Por que pessoas na Itália ligariam, por que pessoas na França ligariam?...Nós não tínhamos o conceito de que a música ira mais longe do que 800 Km de distância de onde a gente vivia...Nós não sabíamos, não tínhamos ideia. Não sei se alguém tinha como compreender a imensidão que seria a internet...música, streaming, tudo isso...não tínhamos ideia, se a gente fazia um disco nós fazíamos dez mil, e dez mil nos Estados Unidos. Nós não estávamos pensando que as pessoas iriam gravar fitas e levar pra Polônia ou pra qualquer outro lugar do planeta, não tínhamos a menor ideia.
- Dan: Os garotos sabem todas as músicas do novo álbum e ele nem foi lançado aqui ainda…
- Tony: Tocar as nossas músicas é empolgante, é sempre excitante e o divertido sobre tocar em novos lugares é isso, nós temos tocado essas músicas por 35 anos mas para muitos fãs é a primeira vez que ouvem ao vivo ou a segunda vez, ou a quinta vez então isso é novo, a música é algo novo e o público traz toda uma energia nova, você sabe, toda uma paixão nova e excitação para os shows. Você consegue sentir a energia no lugar e algumas noites inclusive sente isso tudo batendo nas paredes e os garotos fora de si, ou os pais deles, ou os avós enlouquecendo…
- Dan: Muitos pais...
- Tony: Três gerações…
- Dan: Muitos pais levando os filhos aos shows e os filhos já não são tão jovens assim...e tem garotos adolescentes com os pais também.
- Tony: O cara fala “esse é meu filho” e ele tem tipo, 30 anos…”Esse é meu neto” e ele tem quinze anos...é demais!
Ok então o que vocês diriam pras novas bandas, pros jovens que estão começando a tocar punk rock? Qual o recado de vocês?
- Steve: Faça o que você ama e não o que os outros dizem pra você fazer. Apenas faça  o que você quer fazer.
- Tony: Divirtam-se! Não se preocupem…
- Steve: Não escutem os caras velhos te dizendo o que fazer! kkk
- Tony: Não escutem a gente, entrem na van e se mandem…
- Ian: Não parem!
- Tony: Não parem, apenas sigam em frente.
- Dan: Quando garoto eu não ouviria a gente, então vá lá e comece uma banda...
- Steve: Continue na escola, não use drogas…
- Tony: E o mais importante de tudo, não escute a gente.
 *Entrevista e traduçao by Dani Vieira

Nosso amigo Paulo Floriani, a lenda Punk de Floripa, nos passou sua visão do show dos caras aqui na Ilha:
"A banda faz show de sua turnê que comemora 35 anos de carreira no Célula Showcase. O ultimo disco lançado é o La Vendetta, em 2014. 16 novas faixas abordam temas quentes sobre a brutalidade policial nos EUA, a injustiça social e até a atual crise nuclear em Fukushima (Japão). Este é o sétimo álbum de estúdio da banda. Começou o show e a sonzeira começou a rolar ... Primeiro o End of Pìpe, que aproveitou o show e lançou o split com a banda americana Down by Llaw. O som contagiante ... a galera curtiu bastante e agitou muito. muito bom o show.

Continua a barulheira com o Eutha (ex Euthanásia), na ativa desde 92. Classico no punk hardcore da terrinha. Teve a participação do Guilherme Zimmer, dos Ambervisions e do batera Calone Hoffman.

A casa estava cheia para uma quarta feira, o que me surpreendeu realmente. O que manteve um bom clima para o que viria a seguir. 

Chegou a vez dos headliners, os Adolescents. Um show que realmente emocionou, com todos os "hits". Amoeba foi uma dos sons antigos que a galera curtiu banstante. A galera agitou muito, os fans mais alucinados colaram na beirada do palco para não perder nenhum detalhe. Steve Soto tocou com maestria seu baixo fazendo aquela cozinha que só quem tem o dom sabe fazer. Tony Cadena com seu vocal tipico dos melhores no estilo skate punk californiano. Dan Root com os riffs classicos que embalaram os discos mais recentes do punk hardcore do Adolescents. A batera marcante com batidas certeiras de Mike Cambra fizeram a galera não parar um segundo.

E chegamos ao final de mais um exelente show, daqueles de lavar a alma. Depois do show os membros do Adolescents ainda ficaram por ali ... e eu pude bater uma foto com o Dan e o Steve. Realmente uma noite memoravel ... pra ficar na memoria.













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